Palavras cruzadas

Em um até então pacato bairro de São Paulo, uma terrível gangue de safardanas começou a atacar constantemente. Uma característica peculiar do bando de infratores é que para fazer parte todos deveriam se chamar Mario. Todos eram impiedosos e pilhavam tudo o que viam pela frente.
Após tanta covardia, Kremildo ou Krem, para os íntimos, se rebelou e decidiu fazer justiça com as próprias mãos. Inspirado no filme Os 2 filhos de Francisco, conclui que se cantasse de forma esganiçada os sucessos de Zezé de Camargo e Luciano poderia assustar a gangue. O resultado foi amplamente positivo pois nem mesmo com proteção auricular os Marios resistiam à cantoria frenética e desesperadora de Krem. A paz voltou a reinar no bairro, porém sob o som de uma insuportável voz.
Moral da História:Krem canta, os Marios espanta.
Os grandes fracassos de Krem está à venda em cd, K7 e até em long play.
Aqui vai o tão aguardado passo-a-passo de como nasce uma tira do Papagaio Ciclope. Acompanhem e não se percam. Vamulá.
Tudo começa com a idéia rabiscada toscamente no papel, que serve também como uma guia.
Faço um lápis de todos os personagens e elementos que vou precisar. É o que eu vou vetorizar, o meu próprio desenho. Escaneio e importo para o programa de vetor. Eu uso o Freehand mas poderia ser algum outro equivalente, como o Corel ou Illustrator. Eu já tenho uma template onde vou agregando os personagens que vou fazendo. Como essa tira do Papagaio Ciclope é em série, posso repetir o mesmo desenho em várias tiras, o que me poupa tempo. Mas sempre vou também adicionando novos para não ficar monótono.
Traço cada desenho. Aà não tem segredo. Ferramenta de caneta. Deixo no default um traço bem fino e vermelho que é para eu enxergar o lápis.
Faço primeiro o traço de fora (o preto). Em seguida “clono” (no Illustrator e no Corel acho que é duplicar) o traço e ajusto para ser o traço interno (a cor). Note que todas as linhas são shapes fechados. É aqui que consigo os efeitos de variação de traço. Alguns lugares como a sombrancelha, por exemplo, não irá nenhuma cor. Isso facilita o trabalho, pois só preciso fazer o preto. Metade do trampo!
Com todos os traços prontos eu aplico a cor. Nessa minha template tenho uma paleta de cor bem limitada, com tons de pele e cores básicas. Prefiro ir criando as cores conforme vou precisando. É lógico que se eu achar uma cor muito boa, eu agrego à template.
Nessa etapa também faço umas sombrinhas e detalhezinhos. Aqui também é ajustada a ordem das coisas: mandar objeto para frente (bring to front), e para trás (send to back).
Temos um desenho pronto. Agrupa a bagaça.
Com todos os elementos que vou usar na tira prontos, tenho que montar o texto.
Tenho uma outra template que uso para os diálogos. É uma “fonte” minha feita a mão, que escaniei e vetorizei. Acho que dá um ar mais natural do que usar fontes prontas. Aqui, copiando e montando letra a letra, componho os diálogos que vou usar.
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Com tudo pronto é só juntar. E pronto, temos uma tira em vetor para ser ampliada até os personagens fazerem bico. E o melhor: não precisa ficar apagando o lápis!!!!
O processo todo de uma tira simples como essa, demora cerca de 1h30 e serve bem 5 adultos. Sirva enquanto está quente.